Por trás da paisagem, há sempre muito, muito mais

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

GREVE - Inconformistas ou conformistas mascarados?

É inadmissível a greve que se realizou hoje. Não nego o direito da população à greve e à liberdade de expressão - sejamos livres para apontar o que nos incomoda, mas não sejamos livres para prejudicar a vida do próximo, sem que disso venha um benefício significativo.
Na greve de hoje pararam as prinicpais empresas públicas, ou seja, pararam as pessoas cuja adesão à greve implica apenas não ganharem o dia de trabalho. O que estas pessoas se esquecem é que aquelas pessoas que lhes pagam os salários - os funcionários das empresas privadas - não têm condições sociais, finaceiras e/ou, inclusivamente, laborais para aderirem à greve.
Foram estas pessoas as principais prejudicadas, foram estas pessoas que chegaram tarde ao local de trabalho - porque tiveram mesmo de chegar! - porque os sindicatos decidiram protestar contra uma decisão que é agora inevitável.
estejamos cientes dos motivos que conduziram a esta greve: a população revolta-se contra os cortes que o governo e a Assembleia da Répública planearam para os subsídios, salários da função pública, a diminuição da comparticipação na medicação - já implementada - a dotação insuficiente de muitos serviços públicos, o congelamento da progressão dos salários... Bem, pelo menos são estes os motivos alegados pelo Sindicato dos Enfermeiros.
Agora vejamos, além de todos nós sabermos de cor o que aqui foi escrito e de, arduamente, digladiarmos os nossos ferozes argumentos nas conversas de café, também sabemos - quem disser o contrário alienou-se da realidade - que as decisões tomadas foram impostas, perdão, propostas, pela UE! Qualquer partido no governo e qualquer pessoa na presidência seria obrigado a proceder de maneira semelhante.
Esquecemo-nos que a nossa situação actual é o resultado de décadas de governação incoerente e "talvez" irresponsável. Mas também, não adianta casar a culpa com a UE, "talvez" a nossa entrada para a então CEE tenha sido apenas um respirar de alívio antes da inevitável catástrofe. Sejamos francos, antes da entrada de Portugal para a CEE, os gestores eram - e são - absolutamente incapazes de gerir de forma sustentável erário público. A situação pouco mudou, as gerações anteriores cometeram erros, foram incipentes e as gerações actuais não tomaram medidas que revertessem o quadro, dormindo à sombra da bananeira - leia-se fundos europeus.
Ora, porque estaremos nós a protestar? Não sei! Realmente não sei. Aliás, não sei se estaremos a protestar ou a encobrir sob a máscara da revolta a nossa vontade de gozarmos um dia de férias, "sendo muito proactivos no interesse da cidadânia", causando prejuízos ao estado (NÓS!!!) no valor de milhões de euros.
Mas sejamos ingénuos, creiamos que temos realmente motivos para protestar. O que fazemos?! Ordeiramente faltamos ao trabalho, em alguns casos, nem asseguramos serviços mínimos, e fazemos pacíficos piquetes de greve. Perdoem-me a linguagem, mas que raio de impacto é que isto tem? Aquilo que eu disse! Atrapalhar a vida do probre coitado que não pode faltar ao trabalho - perdão, fazer greve.
Olhemos para os exemplos da França, Grécia e Irlanda, a população revoltou-se... a sério. Partiu tudo!, Ameaçou a segurança pública. Ainda que de leve, fez o governo penas duas vezes antes de tomar qualquer decisão.
O que conseguimos nós? Perdas de milhões de euros que não me parecem que sejam motivo de insónia para o nossos decisores políticos e financeiros.
Coloquemos as mãos nas nossas consciências, valeu a pena esta greve inútil? Não estaremos a tentar esconder o facto de seros borregos alienados que só se lembram de ser cidadãos no verdadeiro sentido da palavra - aquele que implica direitos e deveres - quando nos pisam os calos? Onde estão os deveres? Terão ficado no sofá ao lado do PC, da Play Station e da TV que nos fazem "tão felizes"?... ACORDEMOS